As noites de Natal existem para me mostrar que os anos têm sido arrancados das folhinhas. E me lembram de que já vou carregando, no corpo, na alma, no coração, as tatuagens do tempo.
Houve o Natal dos carneirinho manso, que meu pai me deu para ser saudade hoje.
Houve o da flauta, o do velocípede, o da bicicleta.
Depois, o das obras de Júlio Verne.
Mais adiante, o da Enciclopédia e Dicionário Internacional.
Um dia, fui visitar casa amiga.
E a empregada me anunciou:— Aí está um rapaz.
Desde então, o Natal se foi transformando em pijamas, camisas, gravatas, lenços.
Noutra visita:— Aí está um moço.
Notem que, no caso, moço é mais velho que rapaz...
Meu Natal passou a faturar abotoaduras, alfinetes de gravata, carteiras de cédulas ou de níqueis, cintos e agendas.
Agora, quando visito algum amigo, as empregadas me anunciam:— Aí está um senhor.
Quando o dono da casa é cortês, ri:— Que senhor, que nada, Maria. É o Iolando. Entra velho.
O velho em tom fraterno, remoça mais a gente. Acho horrível ser senhor.
Assim, o último Natal me deixou mágoa estranha.
Porque pessoa querida, das que sempre me presentearam no nascimento do Cristo, apareceu com uma caixinha embrulhada em papel multicolor.
Todo alegria, abri o embrulho e a caixinha.
Eram uns suspensórios!...
Nestor de Holanda
Àqueles que vierem a ler esse texto, espero que tenham desfrutado de um excelente Natal, com ou sem bons presentes...
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
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