segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Prazer Mortal

Lá estava ele, refestelado numa macia cadeira de couro. Lia um livro filosófico. A fumaça de cigarro tomava conta da sala de estar. Sua esposa o fitava com negação. "Que exemplo estava ele proporcionando aos filhos?" - ela pensava.

Ele, ao sentir a presença da mulher, apressou-se dizendo: "É só porque estou estressado, tive um dia de cão hoje no trabalho". "Não há desculpas" -, disse ela. E iniciou-se a discussão. No fim, ele acabou cedendo aos pedidos dela, prometera que iria ao médico, no dia seguinte, a fim de verificar seu estado de saúde.

No caminho do consultório, relembrava-se da primeira vez em que pusera um cigarro em sua boca. Quão maravilhosa era aquela sensação! Um prazer instantâneo. O supra-sumo para os jovens de sua idade. Já se passaram 21 anos e o que fora diversão no início, tornava-se uma necessidade incontestável em sua vida.

Após algumas semanas, recebe um telefonema pedindo para que fosse buscar o resultado dos exames. Estava inquieto pois o médico lhe dissera que seu estado de saúde era preocupante. No entanto, tudo aquilo poderia ser um equívoco. "Claro que devo apresentar alguma irregularidade, mas nada grave.", pensava.

No consultório, recebeu um envelope branco. Poderia ou não ter uma doença. Estava tudo ali, escrito naquele papel. Com as mãos trêmulas, abriu-o. Lia-o cuidadosamente para não acrescentar ou retirar palavras inexistentes. Jurava para si e para Deus que largaria o vício, se tudo aquilo não passasse de um engano. Em instantes, lágrimas deslizam pelo seu rosto...

Tainá Lima
221- Adianópolis
( texto da vigésima primeira página do Livro de Redações do Lato Sensu)

Santo Deus!
Certas vezes me impressiono com a influência do tempo sobre certas coisas que escrevo.
Como se pode gostar no primeiro instante e detestá-lo pelos próximos segundos, minutos, dias, meses, e até anos?!
A solução é pensar que ainda há tempo para melhorar!
E ainda bem que há.

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