E então ela chegou em casa.
Tirou os pesados e sofisticados brincos de sua orelha pensando no que tinha acabado de viver.
Era uma sensação de incompreensão pura.
Estavam todos ao seu redor, felizes, alegres, satisfeitos, esfuziantes de paixão.E ela não entendia o porquê.
O motivo deles era banal aos olhos dela, se satisfaziam com álcool, cigarros e sexo.Nada mais importava a não ser aquele mundinho de crianças afoitas para se tornarem adultos. E este seria o caminho da maturidade, o da experiência própria, custasse o que custar.
Mas o que a intrigava não era o divertimento deles,afinal era natural, jovens pensam assim, agem assim, oras, são jovens, têm o direito de serem imaturos, pois é o que se espera.O que a deixava aflita enquanto já tirava os sapatos e massageava levemente os pés, era pensar que ela não compartilhava daquilo.Embora estivesse ali, no meio de todos,recebendo as boas-vindas daqueles que a saudavam sem nem mesmo a conhecer, se sentia só.
Ela sofria em seu íntimo o fardo de ter aprendido muito cedo - pelo menos em relação aos que a cercam - a pensar nos valores e princípios da vida, sofria por saber que a vida ia além daquilo que se julgava normal na juventude, sofria por saber que eles podiam ser melhores do que ''aventureiros juvenis'', eles podiam se aventurar no que a vida é, e não no que parece ser. Ela sabia do que era capaz.Ela sabia o que era, e não era aquilo ali.Era diferente. Era mais.
E esse era o âmago de suas aflições, pois embora ela soubesse da sua capacidade de ser humano que já se fizera notório e exceção aos olhos de todos -e por isso a admiravam-,ela não se sentia feliz como eles.Ela tinha tudo pra ser mais feliz também, mas não era.E esse era o preço que pagava por não estar no lugar onde deveria.Era o preço que ela pagava por não ser normal.
E foi por isso que antes de dormir naquela noite, falou baixinho que queria ser normal, era mais fácil ser feliz. A vida seria supérflua.
Porém já era tarde demais. Ela já estava além. Agora era só uma questão de tempo para encontrar seu espaço nesse mundo, ao lado daqueles que já não podem retroceder seus pensamentos porque suas mentes já não são mais as mesmas. Novos caminhos foram descobertos.
Ela estava viva, e nunca teve tanta vontade de viver. Ainda estava começando...
Apagou a luz e foi dormir, ávida pelo outro dia.
Tainá Lima
sábado, 8 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Vitalidade perpétua
Repleta de povos indígenas, os quais por muito tempo foram os únicos a conhecerem seus mistérios e riquezas naturais, foi também alvo da busca pelas cobiçadas drogas do sertão e ainda em princípios do século XX, era a atenção global de um mercado dependente da borracha extraída de suas inúmeras seringueiras. Some-se a isso anos vorazes de exploração predatória,e definitivamente podemos afirmar que a Amazônia não é mais a mesma.
A floresta que se notabilizou pela singularidade da sua fauna e flora esplêndidas, está diferente daquilo que se esperava ser a maior área de reserva florestal do planeta. É fato que as alterações nem um pouco positivas que vêm ocorrendo desde os tempos coloniais e que têm se intensificado nos últimos anos na floresta amazônica, são notoriamente conseqüências da falta de compromisso e consciência de um mercado explorador, que , se necessário, é capaz de antepor o lucro à vida.
A questão que envolve a saúde da biodiversidade da Amazônia está intrínseca ao trabalho de milhares de pessoas que dependem da exploração da floresta para sobreviver. A exemplo disto temos as populações ribeirinhas que vivem dos recursos naturais da selva, bem como os proprietários de extensas áreas verdes dentro da mata, os quais as desmatam imprudentemente e logo após as usam como pastagens para a criação de gado.No entanto, vale ressaltar que a diferença entre essas duas formas de exploração está no valor semântico da palavra equilíbrio.
Enquanto o ribeirinho retira da mata apenas o que ele necessita para o seu sustento - o que pouco contribui para o extermínio da floresta, analogamente seria como tirar por dia um balde de água do oceano - o homem da serra e do gado retira e aproveita os recursos da selva visando ao lucro, ao comércio de exportação e, ao seu benefício próprio, benefício este centrado nas lógicas do mercado capitalista e que portanto não o permite enxergar os resultados desastrosos de suas ações irrefutáveis na floresta.
Ações irrefutáveis, mas não irrevogáveis, pois ainda há tempo de nos livrarmos do que seria a apoteose das irresponsabilidades humanas – se permitirmos a extinção da Amazônia – e pararmos um pouco a nossa rotina cerceada de obrigações imediatistas e supérfluas , afim de incitar-nos a preocupação com a floresta que carrega no verde das suas folhas latifoliadas a certeza de um futuro mais duradouro para a humanidade.
Para tanto é fundamental que as próximas gerações, através do esforço e da consciência emitidos pelas nossa época, possam crescer acreditando que desenvolvimento e preservação ambiental, sempre que houver respeito entre ambos, podem existir concomitantemente. Estaríamos, dessa forma, construindo aquilo que será a Amazônia amanhã: sinônimo de vida e eternidade.
Tainá Lima
A floresta que se notabilizou pela singularidade da sua fauna e flora esplêndidas, está diferente daquilo que se esperava ser a maior área de reserva florestal do planeta. É fato que as alterações nem um pouco positivas que vêm ocorrendo desde os tempos coloniais e que têm se intensificado nos últimos anos na floresta amazônica, são notoriamente conseqüências da falta de compromisso e consciência de um mercado explorador, que , se necessário, é capaz de antepor o lucro à vida.
A questão que envolve a saúde da biodiversidade da Amazônia está intrínseca ao trabalho de milhares de pessoas que dependem da exploração da floresta para sobreviver. A exemplo disto temos as populações ribeirinhas que vivem dos recursos naturais da selva, bem como os proprietários de extensas áreas verdes dentro da mata, os quais as desmatam imprudentemente e logo após as usam como pastagens para a criação de gado.No entanto, vale ressaltar que a diferença entre essas duas formas de exploração está no valor semântico da palavra equilíbrio.
Enquanto o ribeirinho retira da mata apenas o que ele necessita para o seu sustento - o que pouco contribui para o extermínio da floresta, analogamente seria como tirar por dia um balde de água do oceano - o homem da serra e do gado retira e aproveita os recursos da selva visando ao lucro, ao comércio de exportação e, ao seu benefício próprio, benefício este centrado nas lógicas do mercado capitalista e que portanto não o permite enxergar os resultados desastrosos de suas ações irrefutáveis na floresta.
Ações irrefutáveis, mas não irrevogáveis, pois ainda há tempo de nos livrarmos do que seria a apoteose das irresponsabilidades humanas – se permitirmos a extinção da Amazônia – e pararmos um pouco a nossa rotina cerceada de obrigações imediatistas e supérfluas , afim de incitar-nos a preocupação com a floresta que carrega no verde das suas folhas latifoliadas a certeza de um futuro mais duradouro para a humanidade.
Para tanto é fundamental que as próximas gerações, através do esforço e da consciência emitidos pelas nossa época, possam crescer acreditando que desenvolvimento e preservação ambiental, sempre que houver respeito entre ambos, podem existir concomitantemente. Estaríamos, dessa forma, construindo aquilo que será a Amazônia amanhã: sinônimo de vida e eternidade.
Tainá Lima
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