sábado, 3 de março de 2007

Perdido em si

Estou a cento e cinquenta quilômetros por hora.Ah, o vento e a velocidade...Incrível a sensação... De repente a curva.Fechada.Brusca.Derrapo em direção à ribanceira...Esquisita esta luz forte. Serão faróis?Por que me sinto tão leve?Será que...Que..Estou no céu?
Como posso estar no céu?A pouco estava eu, na varanda de casa, sentado em minha cadeira preta- relíquia de família - sossegado.Sozinho.Lendo o jornal do dia...Quando ouço barulhos na cozinha.O lava-louças não podia ser,pensei,consertei-o semana passada.Vou ver o que é.Sombras de alguém.É homem.Só pode ser ladrão.Rápido.Defesa.Aquela arma na gaveta da sala.Não acredito que vou usá-la.Lá está ele, de capuz preto, no meu quarto.Procura algo.Mas não me vê.É tarde.Atiro.O que fiz?Matei um homem.Desespero.E agora?Correr.O carro é o resgate.
Acelero com toda força que posso.Derrubo a cerca.Que asneira!Tudo bem, depois cuido disso.Escapar.Velocidade.Estrada.Curvas.Senasação leve.Será que...Que Estou no céu?Oh Meu Deus!Já sei:morri.Morri?Não, não pode ser...Se estivesse morto estaria no inferno.Sou um assassino.Luzes fortes e claras.Vou ficar cego.É pouco para o meu pecado.Agora só falta o demônio.Vamos apareça!Somos iguais em desgraça.Mais luzes.De repente, paredes brancas.macas.emergência.homens e mulheres em grande agitação.Um hospital.O que houve?

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